Vivo apaixonado pelo mundo criativo. É a capacidade que a câmera fotográfica tem de eternizar um momento. É a forma como podemos filmar um instante, pegar nele, abrandar o mundo, e ver a vida em câmera lenta. É o som inesquecível do piano quando pressionamos uma tecla. São as cores e imagens únicas de uma pintura e até mesmo o poder mágico das palavras escritas num livro.

Parece tudo magia. Parece que tudo o que absorvo ou crio a nivel criativo, é algo que vem de fora deste mundo. Mas não. Por incrível que pareça, tudo o que existe da arte, foi criado por nós, seres humanos.

Por vezes é fácil esquecer isso. Cada vez mais, talvez por vivermos numa era de imediatismo, sinto que a arte é rapidamente consumida e imediatamente descartada. Não parece haver tempo. Não parece haver um momento para parar, ver o que temos à nossa frente e apreciar. Já não escutamos, ouvimos. Já não vemos, olhamos. De certa forma, é estranho e contraditório. Temos acesso a muito mais e de uma forma mais direta. Podemos consumir as melhores obras de arte do mundo em apenas alguns segundos, mas depois, não gastamos tempo nenhum a descobrir a sua essência.

Talvez seja esse o problema. Se tivéssemos de fazer milhares de quilómetros ou gastar uma quantidade significante de dinheiro para ter acesso a essas artes, certamente investimos o nosso tempo a absorver o seu conteúdo.